Quando criança, eu costumava pensar em uma escada enorme que me levava até o céu, e ela subia... Subia pelas montanhas de minha terra apoiada em nuvens leves; e diáfana.
Quando eu lá chegava, sentado confortavelmente numa poltrona branca guardando a entrada de um grande portal um ancião de barbas e cabelos muito brancos, com um sorriso na face, que achava que era São Pedro. Tinha um molho de chave na mão esquerda. Depois, encontrava-me com Deus, com um rosto severo, sereno. Anjos passeavam pelo jardim de algodão cor-de-rosa a tocar harpas; infinitas.
Cresci.
Trilhei alguns caminhos.
... Agora tudo é sólido; concreto.
... Agora tudo é sólido; concreto.
Mas a alma leve e transparente ainda busca alturas a fim de alcançar cores, formas, linhas, palavras.
Tudo expressão.
E eu subo, atenta e cuidadosa, cada um dos tantos degraus - um após o outro - a cada dia, e sempre levando comigo um livro, uma câmera fotográfica (digital).
Vai saber...
Acho que viver é esquisito e sinto saudades.
Azul da Infância
O olhar infantil procurava alturas
a ver o alto da escada invisível
apoiada nos tufos brancos
da nuvem alta
Queria pela escada
entrar no céu
ser recebida em caloroso
silêncio e bondade
Os degraus da escada
subiam subiam subiam
sumiam
E, então, o frio do pântano
do brejo de água de mina
na planta dos pés
assoalhava o devaneio
no azul da infância
Imagem: Leda Lucas
Textos: Leda Lucas
4 comentários:
Viver é mesmo muito esquisito. Linda a foto (=
Um beijo,
Ellen
Obrigada por sua visita; Ellen! E vamos conversando; está bem?
Abraço.
Leda
viver está cheio de confusão das inquietação, subimos escadas para os desejos e respiramos fundo
gosto de vir aqui
abraços
Constança
...e seguimos a buscar as infinitas fontes. Pois, do contrário, teria valido a pena?!
gosto de saber de vocês.
Abraço carinhoso.
Leda
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