
UM RIO DE LUZ
Um rio de escondidas luzes
atravessa a invenção da voz
avança lentamente
mas de repente
irrompe fulminante
saindo-nos da boca
No espantoso momento
do agora da fala
é uma torrente enorme
um mar que se abre
na nossa garganta
Nesse rio
as palavras sobrevoam
as abruptas margens do sentido
[O pavão negro, 2003]
Ana Hatherly. In: A idade da escrita E OUTROS POEMAS. Organização e prólogo Floriano Martins. São Paulo, Escrituras, 2005, p. 86
Imagem: Nascente do Tejo na Espanha (lá conhecido como Tajo) - Panorâmio
Poema: Ana Hatherly (digitado por Leda Lucas)
********************************************
Nenhum comentário:
Postar um comentário