(A que nível, em que altura é preciso meditar sobre o que nos diz Henry Corbin, neste fragmento do livro A Chama de Uma Vela, de Gaston Bachelard?)
“Diante do mundo das flores estamos em estado de imaginação dispersada. (…) Cada flor é uma aurora. Um sonhador de céu deve encontrar em cada flor a cor de um céu.
(…) Para abrir um sábio artigo, 'Simpatia e teopatia dos Fiéis do amor, no Islã', Henry Corbin cita Proclus, invocando 'o heliotrópio e sua prece':
'Que outra razão, pergunta Proclus, pode-se dar ao fato de que o heliotrópio segue com seu movimento da lua, cortejando, na medida do possível, as labaredas do mundo, além de admitir as harmonias causais, as causalidades cruzadas entre os seres da terra e os seres do céu?
'Pois, na verdade, toda coisa ora, segundo a categoria que ocupa na natureza, e canta em louvor ao chefe da série divina à qual pertence, elogio espiritual e elogio racional, físico ou sensível; pois o heliotrópio se move por ser livre em seu movimento e, na volta que faz, se se pudesse surpreender o som do ar tocado por esse movimento, se perceberia que se trata de um hino a seu rei, da maneira que uma planta pode cantá-lo.'
A chama de vida do ser que floresce é uma tensão em direção ao mundo da pura luz.
E todas essas transformações são transformações felizes de lentidão. As labaredas nos jardins do céu, de acordo com as flores nos jardins do homem, são chamas firmes, são chamas lentas. O céu e as flores estão de acordo em aprender meditando a meditação lenta, a meditação que ora.”
Gaston Bachelard, em A chama de Uma Vela, págs. 87 e 88.
Imagem: Leda Lucas
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