sábado, 28 de março de 2009

Pan d'ora









Delicado estojo
guarda no de dentro
estrela e arrebatamento




Leda
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quarta-feira, 25 de março de 2009

Em busca do arco-íris

No sonho da menina, ir ao fim do mundo será descer a ladeira de terra vermelha salpicada de miúdos cristais para - quem sabe? - ao chegar ao final da rua, lá encontrar o início do arco-íris e suas todas cores.

Leda Lucas

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segunda-feira, 23 de março de 2009

Cores no muro






ato tempo
terra sol e ar
o cimento: des(a)fio








Leda
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quinta-feira, 19 de março de 2009

Em clave



O jerivá busca altura
Desenlaça-se dos tantos fios
Compõe sonata
Porque quase nada pode?

Leda




Jerivás mutilados na cidade de São Paulo

http://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/

quarta-feira, 18 de março de 2009

Processo de escrita do poema Ode ao livro

Faço parte de uma oficina de escrita há já quase três anos. Um dia, saí de nosso encontro semanal com a tarefa de escrever uma ode ao objeto livro. Isto porque, a partir da leitura de um texto de Rubem Alves em que ele nos convidava a ver diferente, citou a Ode à cebola de Pablo Neruda. Pesquisei o google, e cheguei ao livro (esgotado) em português no site www.estantevirtual.com onde encontrei dois exemplares, em uma edição da Publicações Dom Quixote de 1977. Um, no estado do Rio de Janeiro e o outro aqui no estado de São Paulo, em Cachoeira Paulista. Encomendei rapidinho pela internet o de Cachoeira Paulista; e menos que bairrismo, foi mesmo o nome da cidade que motivou minha escolha. Foi uma alegria imensa quando o pacote embrulhado em papel kraft e endereço escrito com pincel azul chegou em minha casa.
Mas, enquanto o livro não chegava, pensei em solicitar às pessoas com quem me relaciono que me respondessem qual era a sua definição do objeto livro em uma palavra, enfatizando a expressão uma.
E as pessoas foram divididas em quatro grupos: as pessoas de minha família: meu pai (84 anos bem vividos, até minha sobrinha-neta de quatro anos) com perguntas e respostas orais que anotei em minha caderneta de capa verde musgo com bolinhas verde escuro; alunos (do EJA, do colégio Santa Cruz - fases 7, 8 e 9, quase cem e idade variando de 70 a 20 anos mais ou menos), com perguntas orais e respostas escritas em uma fina tira de papel reaproveitado da gráfica do colégio; grupo de professores com quem trabalho, via internet; e, finalmente, pessoas amigas mais próximas, também via internet.
Muito prontamente grande parte das pessoas a quem consultei, enviaram-me, de um dia para outro, as respostas que fui anotando tão logo chegavam, marcando quantas vezes cada uma das palavras foram citadas...
E a Ode ao livro foi escrita com todas as palavras recebidas. E no poema acrescentei uma ou outra palavra, quase nada.
Agradeci verbalmente ou por escrito a todas e todos e o poema que não posso considerar meu enviei-o com a frase:
"Leia o poema que escrevi com a sua palavra!" - e, novamente, as pessoas responderam-me muito agradecidas.
Neste momento, estou preparando o texto para ler com os alunos e espero que se sintam tão felizes quanto eu.

Leda Maria Lucas

segunda-feira, 16 de março de 2009

Recado do Morro - Guimarães Rosa

Morro da Garça – Belo como uma palavra

“(...) — ‘H’hum... Que é que o morro não tem preceito de estar gritando... Avisando de coisas...’ — disse, por fim, se persignando e rebenzendo, e apontando com o dedo no rumo magnético de vinte e nove graus nordeste.
Lá — estava o Morro da Garça: solitário, escaleno e escuro, feito uma pirâmide. O Gorgulho mais olhava-o, de arrevirar bogalhos; parecia que aqueles olhos seus dele iam sair, se esticar para fora, com pedúnculos, como tentáculos.
— ‘Possível ter havido alguma coisa?’ — frei Sinfrão perguntava. — ‘Essas terras gemem, roncam, às vezes, com retumbo de longe trovão, o chão treme, se sacode. Serão descarregamentos subterrâneos, o desabar profundo de camadas calcáreas, como nos terremotos de Bom-Sucesso... Dizem que isso acontece mais por volta da lua cheia...’
Mas, não, ali ilapso, nenhum ocorrera, os morros continuavam tranquilos, que é maneira de como entre si eles conversam, se conversa alguma se transmitem.” (pág. 15)
“(...) Em cada momento, espiava, de revés, para o Morro da Garça, posto lá, a nordeste, testemunho. Belo como uma palavra.” (grifo meu) (pág. 17)

...impressão registrada na caderneta do escritor João Guimarães Rosa que tomou depois nova forma, aparecendo no ciclo de novelas Corpo de Baile, publicado em 1956 (posteriormente, em 1964/65 esse conjunto seria dividido em três livros: “Manuelzão e Miguilim”, “No Urubuquaquá, no Pinhém” e “Noites de Sertão”). No segundo livro, encontra-se “O Recado do Morro”, onde tal feição morfológica torna-se “belo como uma palavra” e porta-voz de um recado para a personagem principal, Pedro Orósio, guia de uma comitiva pelo sertão.

Leda Lucas
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sábado, 14 de março de 2009

Ode ao livro

Códice de sonhos e pesadelo
Inspiração e movimento
Experimenta e historia a razão
O conhecimento e sabedoria

Irado, legal como um filme noir
Que sabe a viagem da imaginação
Inspiração e sabor agridoce
Do verde e limão

Impresso no conceito de cultura
É casa, cobertor e descoberta
Do relax. É cosmo-portátil
Da esperança: travessia

Companheiro do tempo e do prazer
Nem sempre viagem ao portal;
um amigo que chega

Em realidade, a poesia do mundo
Aprender, aprendizado e aprendizagem
Apreender a descoberta na Literatura
E libertar a imaginação

Buscar fonte da vida na História
Do companheiro da alegria
Na união de versos
O mundo

No universo,
o sonho

Da informação
Do lazer
Do prazer,
Do “incinamento”,
Da curiosidade,
Da cultura – longuíssima viagem
No lombo de cavalos selvagens: experimentar

No latido de cães
Amorosos ao amanhecer
A vida compondo-se em uivos
Distante num tempo de paciente
Esfera

Escola abissal de palavras mornas ou quentes
da ancestral árvore, dispostas em folhas brancas,
E não e que tronam interessantes
em romance contado com amor:
o mundo das palavras

Importante amigo e companheiro.
Na realidade, é alegria e dor: liberdade
Um filme em movimento perpétuo
Tanto na espera quanto em minhas mãos

lugar para pôr as histórias do mundo

Leda Lucas

sexta-feira, 13 de março de 2009

Adélia Prado

"... não adianta você explicar e explicar a criação...
A beleza da forma permanece diante de você como um mistério
e a alma vive do mistério que ela intui, mas não decifra."

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ser do poeta

Por que está aqui, esta imagem?
Um raminho seco de não se sabe que planta; um amontoado de fios sintéticos magenta embolados tal como fios de um novelo de linha há muito abandonado; além da presença de restos de folhas secas inteiras e despedaçadas.
Depois, ainda poderia se pensar: por que este enquadramento em fundo geométrico?
Mas, e se a olhássemos mais detidamente para quem sabe descobrir o que aí se mostra?
O que sei contar é que a encontrei rolada na calçada, em plena praça, entre outros incontáveis detritos, porém já assim composta e meu único ato foi a coragem de apanhá-la do chão e ficar imaginando o percurso de cada um destes seres (ramo seco, fio magenta e folhinhas secas quebradas) até o encontro. Depois, já em casa, fotografar a composição sobre o rascunho de desenho da planta de uma casa feito pelo filho.
E, então, aguardar que alguém possa ajudar-me a entender os mistérios do dia a dia. (Leda)

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quinta-feira, 5 de março de 2009

Composição






em tanto traço
as cores da campânula
alcanço



Leda


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terça-feira, 3 de março de 2009

Mestre interior

A leitura é uma conversa com o mundo exterior a fim de que no interior continue acesa a chama que
nos ajude "a ler as mãos. Qual a alma da cigana, ter disposição para viajar a qualquer instante. Escrever é uma viagem. Uma busca dum não sei o quê. Uma doida aventura". (Estela Maris Rezende - em Esses livros dentro da gente - uma conversa com o jovem escritor).
Aquele que escreve não pode se esquecer de todos os seus possíveis leitores, porque do outro lado da ponte há alguém procurando fonte.
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segunda-feira, 2 de março de 2009

Estação inverno


"Como sabem as estações
que devem mudar de camisa?"

Pablo Neruda
Posted by Picasa Foto Victor Lucas