quinta-feira, 28 de julho de 2011

Janela

Janela

Janela, palavra linda.
Janela é o bater de asas da borboleta amarela.
Abre para fora as duas folhas de madeira à-toa pintada,
janela jeca, de azul.
Eu pulo você pra dentro e pra fora, monto a cavalo em você,
meu pé esbarra no chão.
Janela sobre o mundo aberta, por onde vi
o casamento da Anita esperando neném, a mãe
do Pedro Cisterna urinando na chuva, por onde vi meu
bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai:
minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis.
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão,
claraboia na minha alma,
olho no meu coração.

Imagem: Leda Lucas
Poema: Adélia Prado. In: Poesia Reunida. São Paulo, Siciliano Editora, 1991, p. 103.
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