sexta-feira, 24 de setembro de 2010
São Paulo - Prefeitura premia os vencedores do 5º Concurso de Fotografia Árvores da Cidade | O Jornal de São Sebastião, Il
Árvores de São Paulo
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Lua de Casa
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Busca de ser
A Concha
I
“À concha corresponde um conceito tão claro, tão firme, tão rígido que não, podendo simplesmente desenhá-lo, o poeta, reduzido a falar dele, a princípio fica com um déficit de imagens. Em sua evasão para os valores sonhados, é interrompido pela realidade geométrica das formas. E as formas são tão numerosas, por vezes tão ovas que, a partir do exame positivo do mundo das conchas, a imaginação é vencida pela realidade. Aqui a natureza imagina e a natureza é sábia. Bastará folhear um álbum de amonites para reconhecer que, desde a era secundária, os moluscos construíam sua concha de acordo com as instruções da geometria transcendental. Os amonites faziam sua morada no eixo de uma espiral logarítmica. No belo livro de Monod-Herzen há uma explicação muito clara dessa construção das formas geométricas pela vida.
Naturalmente o poeta pode entender essa categoria estética de vida. O belo texto que Paul Valéry escreveu sob o título Les coquillages é iluminado de espírito geométrico. Para o poeta, 'um cristal, uma flor, uma concha destacam-se da desordem comum do conjunto das coisas sensíveis. São para nós objetos privilegiados, mais inteligíveis à vista, conquanto mais misteriosos para a reflexão que todos os outros que vemos indistintamente'. Parece que para o poeta, grande cartesiano, a concha é uma verdade da geometria animal bem solidificada, portanto 'clara e distinta'. O objeto construído é altamente inteligível. É a formação e não a forma, que permanece misteriosa. Mas, no plano de forma a tomar, que decisão vital na primeira escolha, que consiste em saber se a concha enrolará para a esquerda ou para a direita! Quanto já se disse sobre esse turbilhão inicial! De fato, a vida começa lançando-se para a frente do que girando sobre si mesma. Um impulso vital que gira, que maravilha, que maravilha insidiosa, que sutil imagem de vida! E quantos sonhos poderíamos ter sobre a concha canhota! Sobre uma concha que fugisse à rotação da espécie!
Paul Valéry detém-se longamente diante do ideal de um objeto modelado, de um objeto cinzelado que justificaria o seu valor de ser pela bela e sólida geometria da forma, pondo de lado a simples preocupação de proteger a matéria. A divisa do molusco seria então: é preciso viver para construir sua casa, e não construir sua casa para viver nela.
…
Tudo é dialética no ser que sai da concha.”
(BACHELARD, Gaston. In: A Poética do Espaço. Tradução: Antonio de Pádua Danesi.
São Paulo, Martins Fontes, 2003, 1ª ed., ps. 117 e 118.)
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Anoitece
Carla Caruso: Enfim...
sábado, 4 de setembro de 2010
Em Antofagasta
DÁ-ME TUA MÃO
De Cecilia Meireles e Gabriela Mistral
Dá-me tua mão, e dançaremos;
dá-me tua mão e me amarás.
Como uma só flor nós seremos,
como uma flora, e nada mais.
O mesmo verso cantaremos,
no mesmo passo bailarás.
Como uma espiga ondularemos,
como uma espiga, e nada mais.
Chamas-te Rosa e eu Esperança;
Porém teu nome esquecerás,
Porque seremos uma dança
sobre a colina, e nada mais.
Extraídos de "GABRIELA MISTRAL & CECÍLIA MEIRELES"; Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras; Santiago de Chile: Academia Chilena de La Lengua, 2003.
Imagem: Victor Lucas
Poema: http://legalvarenga.blogspot.com/ - encaminhado por José Universo.