sexta-feira, 21 de maio de 2010

Arte Pura


...e quando a gente anda pela cidade com os olhos de ver, olhe só com o que se pode deparar!

Num dos inúmeros muros da Avenida Rebouças – uma importante via de ligação entre o centro da cidade e bairros como o Butantã, Bonfiglioli, Rio Pequeno, a cidade de Osasco, e caminho para o sul do país – encontrei o que chamo de arte a todos (detalhe).

No grafitti, a bailarina sai do trapézio, do palco, da parede do Museu e ganha a rua para alegria dos passantes ou dos que parados no trânsito que é verdadeiramente intenso no local, ou no ponto de ônibus bem em frente... E nestas circunstâncias todos podem viajar na criatividade dos artistas anônimos.

Ainda bem que transgridem ordens dos donos do lugar!

Imagem: Leda Lucas

Texto: Leda Lucas

Posted by Picasa

Ciranda da bailarina

Compositor(es): Chico Buarque

Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Verruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem...

Letra: www.vagalume.com.br

Vídeo: YouTube


A BAILARINA

Cecília Meireles


Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina.


Não conhece nem dó nem ré

mas sabe ficar na ponta do pé.


Não conhece nem mi nem fá

Mas inclina o corpo para cá e para lá.


Não conhece nem lá nem si,

mas fecha os olhos e sorri.


Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar

e não fica tonta nem sai do lugar.


Põe no cabelo uma estrela e um véu

e diz que caiu do céu.


Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina.


Mas depois esquece todas as danças,

e também quer dormir como as outras crianças.


Cecília Benevides de Carvalho Meireles (RJ 1901 – RJ 1964) poeta brasileira, professora e jornalista brasileira.

@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@