quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Folia de Reis - Mato Dentro - S B do Suaçuí


Evento cultural religioso em todo o país e cada um com sua harmonia e um mesmo sentimento.
Viva a cultura!
Viva a alma de um povo!
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Jornal TV Sul • Folia de Reis - Parte 1

Festa de Santo Reis

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Pássaro construtor

Casal de João-de-Barro constrói há quase um mês sua casa defronte a janela de casa.

E ainda Gaston Bachelard em A Poética dos Espaços.

"(...) Assim, os valores deslocam os fatos. Desde que amamos uma imagem, ela já não pode ser a cópia de um fato. Um dos maiores sonhadores da vida alada, Michelet, oferece mais uma prova disso. No entanto, ele dedica apenas algumas páginas à 'arquitetura dos pássaros', mas, ao mesmo tempo, essas páginas pensam e sonham.
O pássaro, diz Michelet, é um operário desprovido de qualquer ferramenta. Não tem 'nem a mão do esquilo, nem o dente do castor'. "A ferramenta, na verdade, é o próprio corpo do pássaro, é o seu peito com o qual ele aperta e comprime os materiais até torná-los absolutamente dóceis, até misturá-los, sujeitá-los à obra geral." E Michelet sugere a casa construída pelo corpo, para o corpo, assumindo sua forma pelo interior, como uma concha, uma intimidade que trabalha fisicamente. É o interior do ninho que impõe a sua forma. 'No interior, o instrumento que impõe ao ninho a forma circular não é senão o corpo do pássaro. É virando-se constantemente e recalcando as paredes de todos os lados que ele consegue formar esse círculo.' A fêmea, um torno vivo, escava sua casa."
(No caso do João-de Barro, os dois efetuam a tarefa de construir a casa, o que pude observar em suas chegadas e partidas neste quase um mês de estimulante empreitada!)
"(...) E Michelet continua: 'A casa é a própria pessoa, sua forma e seu esforço imediato; eu diria, seu sofrimento. O resultado só é obtido pela pressão constantemente repetida do peito. Não há um só desses caminhos que, para firmar e conservar a curvatura do ninho, não tenha sido milhares de vezes pressionado pelo seio, pelo coração, certamente perturbando a respiração, talvez com palpitação.'
Que inverossímil inversão de imagens! O seio não é aqui gerado pelo embrião? Tudo é impulso interno, intimidade fisicamente dominadora. O ninho é fruto que incha, que se comprime contra seus limites."
Do fundo de que devaneios sobem tais imagens?

Gaston Bachelard. Tradução: Antonio de Pádua Danesi. Martins Fontes Editora, São Paulo, 1ª edição, 1993, 112 a 113.

Vídeo: Leda Lucas
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