quarta-feira, 30 de junho de 2010

Janela e um mundo

O ofício do pintor

Para o ofício de pintar é necessário:
Educar mãos e olhos.
Não ter pressa.
Fazer a mão obedecer.
Fazer os olhos verem diferente do que se vê.
Fazer da mão instrumento de descobertas.
Alimentar os olhos com imagens.
Alimentar os olhos com palavras.
Ouvir música.
Ouvir silêncios.
Aprender a ver a realização diferentemente do desejo.
Insistir.
Descobrir que o visível está povoado de invisíveis.
Fazer o igual até descobrir o diferente.

FINGERMAN, Sergio. In: ELOGIO AO SILÊNCIO E
ALGUNS ESCRITOS SOBRE A PINTURA
. São Paulo:BEI Comunicação, 2007, p. 39.

Camile!
Obrigada por ter me mostrado este acontecimento.
Imagem: Leda Lucas
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A Cidade e o Poeta


A Cidade e o Poeta

"A cidade se veste da tarde e se oferece, lírio aberto às mãos do poeta. E os dedos tocam o silêncio das casas e a vasta pobreza do vento pelas ruas.
Nenhuma posse, nada retém para si, mas, suave, o toque liberta, como o pássaro liberta o ar no voo mais denso."

CHUCK, Wassily. In: Silêncios de Água e Pedra. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2008, p. 107

Imagem: Leda Lucas

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domingo, 27 de junho de 2010

Convite ao bem-estar

"... as frutas nos convidam a saborear o mundo. E diante desses Mundos-Frutas que solicitam os nossos devaneios, como não afirmar que o homem do devaneio é cosmicamente feliz?"
"(...) os grandes poetas nos ensinam a sonhar. Alimentam-nos de imagens com as quais podemos concentrar nossos devaneios de repouso. Oferecem-nos suas imagens psicotrópicas, pelas quais animamos um onirismo desperto. É nesses encontros que uma Poética do Devaneio toma consciência de suas tarefas: determinar consolidações dos mundos imaginados, desenvolver a audácia do devaneio construtivo, afirmar-se numa consciência de sonhador, coordenar liberdades, encontrar o verdadeiro em todas as indisciplinas da linguagem, abrir todas as prisões do ser para que o humano tenha todos os devires."
BACHELAR, Gaston. In: A poética do devaneio. Tradução: Antonio de Pádua Danesi. Martins Fontes, São Paulo, 2006, 2ª ed., p. 152.
Imagem: Leda Lucas
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sábado, 26 de junho de 2010

Mafaro

Mafaro quer dizer ALEGRIA na língua Zimbabwe, explica-nos André Abujamra.

Um sonho de Juana

Ela perambulava pelo mercado de sonhos. As vendedoras estenderam sonhos sobre grandes panos no chão.
Chega ao mercado o avô de Juana, muito triste porque faz muito tempo que não sonha. Juana o leva pela mão e ajuda-o a escolher sonhos, sonhos de marzipã ou algodão, asas para voar dormindo, e vão-se embora os dois carregados de sonhos que não haverá bastante noite.

GALEANO, Eduardo. In: Mulheres. Tradução de Eric Nepomuceno. L&PM Pocket, Porto Alegre, 1ª ed., em reimpressão de maio de 1998, p. 87.

Imagem: Leda Lucas

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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Acontecimento (I)

"Veja as flores, essas fiéis da terra.
Aquele que as levasse à intimidade do sono e dormisse
profundamente com as coisas –: ó, como voltaria leve,
diferente em face do dia diferente, da comum profundeza."

(Rilke, Rainer Maria. Sonnets, I, nº XV, p. 171)
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Bachelard, em A Poética do Devaneio, " (...) para a grande renovação, seria necessário, trazer as flores para os nossos sonhos da noite. Mas o poeta nos mostra que, já no devaneio, as flores coordenam imagens generalizadas. Não simplesmente imagens sensíveis, cores e perfumes, mas imagens do homem, delicadezas de sentimentos, de calores de lembrança, tentações de oferenda, tudo o que pode florescer numa alma humana."
Mais à frente, continua.
"A cada imagem corresponde um tipo de felicidade. Não é do homem do devaneio que se pode dizer que 'está jogado no mundo'. O mundo é para ele acolhimento, e ele próprio é princípio de acolhimento. O homem do devaneio banha-se na felicidade de sonhar o mundo, banha-se no bem-estar de um mundo feliz. O sonhador é dupla consciência do seu bem-estar e do mundo feliz. Seu cogito não se divide na dialética do sujeito e do objeto."
(Bachelar, Gaston. In: A Poética do Devaneio. São Paulo, Martins Ed., ps. 151 e 152.)

As muitas imagens que povoam os dias
As diferentes leituras que acompanham o viver
São composições. Exatamente: lembranças esquecidas
Dos textos manuscritos na infância longe...

Imagem: Leda Lucas
Poema: Leda Lucas
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sábado, 19 de junho de 2010

O Silêncio Nascente


Pensar em vida nascendo, fluindo, parece, acontece em momentos de perda. Quanta perda nos últimos dias?! Que espaços escuros onde antes havia um corpo, uma voz? No rosto, nem sempre o riso. Mas seguíamos acreditando.
Agora a água escorre e promete lavar minha face.

Texto: Leda Lucas
Vídeo: Leda Lucas

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sexta-feira, 18 de junho de 2010

A alma e a matéria

Saramago,

a alma e a matéria para a gente poder aprender...

Como é que posso te agradecer por ampliar meu mundo?
Por fazer-me amar ainda mais a minhanossa língua com a qual posso comunicar meus mais sinceros e corriqueiros pensamentos?
Por trazer para a folha de papel o homem que sua para dispor o pão à nossa mesa.
Ficarei um pouco mais só dentro de minha tão curta compreensão dos mistérios do viver.
Mas tenho a compania de seus escritos... E continuarei a ouvir por meio das palavras impressas em seus tantos livros, a sua voz.

A Companhia das Letras se despede de José Saramago
Leia no blog da Companhia texto de Luiz Schwarcz sobre a perda de José Saramago, na manhã de sexta-feira, dia 18, em Lanzarote.


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Canção: A Alma e a Matéria

Composição: Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte

Procuro nas coisas vagas ciência
Eu movo dezenas de músculos para sorrir
Nos poros a contrair, nas pétalas de jasmim
Na brisa que vem roçar na outra margem do mar

Procuro na paisagem cadência
Os átomos coreografam a grama do chão
Na pele braile pra ler na superfície de mim
Milímetros de prazer, quilômetros de paixão

Vem pra esse mundo, Deus quer nascer
Há algo invisível e encantado entre eu e você
E a alma aproveita pra ser a matéria e viver
E a alma aproveita para viver...

Letra: www.vagalume.com.br
Vídeo: http://www.youtube.com/user/tanogarofaloblues

quinta-feira, 17 de junho de 2010

À Margem da Vida

"Os que vivem no desregramento dizem aos que vivem na ordem que são estes que se afastam da natureza, e julgam segui-la: como os que estão num barco julgam que os que estão na margem, fogem. A linguagem é semelhante em toda parte. É preciso ter um ponto fixo para julgar. O porto julga os que estão no barco, mas onde conseguir um porto na moral?"

(Pascal, pensamento 383)

A existência humana nesta terra, para Pascal, é paradoxal, uma vez que muda de condição e de qualidade se é colocada em dois extremos opostos. Existe um dualismo presente em todas as coisas.

Nos pensamentos de Pascal, a condição humana é colocada em relação: ele tanto pode ser como não ser. O tema de dois extremos opostos aparece em várias passagens dos Pensamentos. Analisando a desproporção do Homem, Pascal diz:

"O homem é nada em relação ao infinito, tudo em relação ao nada."

Para Pascal, o Homem é um ponto intermediário entre o tudo e o nada -, ponto este não linear, mas pertencente à estrutura interna, psicológica do Homem. Para Pascal, é impossível ao Homem conhecer a verdade, pois esta exige o conhecimento dos dois extremos.

E que somente em Deus os dois extremos se unem, convergem, como num círculo. Porém para conhecer Deus, o Homem deve primeiro saber-se nada. Sabendo-se nada, torna-se tudo. É este o segredo que o fino moralismo de Pascal guarda, o de que, ao livrar-se da sua máscara que a arrogância, o amor e o ódio ao eu produzem, o Homem consegue achar a solução para a tensão entre os dois contrários. Mas Deus não é conhecido pela razão. O espírito geométrico não ocupa a totalidade do espírito, o sentimento, com efeito, é mais presente do que o raciocínio.

O coração, diz Pascal, tem razões que a própria razão desconhece, e é ele que permite perceber a conciliação entre os dois infinitos.

Pascal aponta, também, a debilidade da razão: mesmo na geometria, o axioma é uma verdade intuitiva e indemonstrável, ou seja, tão clara que é o coração que a conhece.

Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/pascal/religiao.htm

Imagem: Leda Lucas – a partir de fotografia de Vagner Campos da Futura Press, publicada no jornal O Estado de São Paulo, no dia 13 de junho de 2010, a propósito do drama vivido pela família de Mércia Nahashima, cujo corpo foi encontrado em uma represa próximo de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo.

Esta imagem comoveu-me profundamente. E este fragmento de texto de Blaise Pascal é uma tentaiva de explicitação de meu pensamento sobre a questão dos limites e da condição humana.

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sábado, 12 de junho de 2010

Nunca tarde

No chão da tarde
buganvílias esplandecentes
em cor e forma

Talvez fosse tarde

Mas a mesa simples, posta
O café quente, no bule
O leite branco na vasilha

Nosso pai e suas ilhas.

Imagem: Leda Lucas
Poema: Leda Lucas
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quinta-feira, 10 de junho de 2010

From Endymion (John Keats)


O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento.
Assim, cabe tecer cada momento
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras,
Das nossas tristes aflições escuras,
Das duras dores. Sim, ainda que rara,
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua estão
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos
Que refrescam, e o bálsamo da aragem
Que ameniza o calor; musgo, folhagem,
Campos, aromas, flores, grãos, sementes,
E a grandeza do fim que aos imponentes
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória:
Fonte sem fim dessa imortal bebida
Que vem dos céus e alenta a nossa vida.


KEATS, John. "From Endymion" / "Do Endymion". In: CAMPOS, Augusto de. Byron e Keats: Entreversos. Traduções de Augusto de Campos. Campinas: Editora Unicamp, 2009.

fonte: http://antoniocicero.blogspot.com

Embaúba

Cecropia hololeuca Miq., Cecropia peltata L., C. glaziovii Snethlage, C. pachystachya Trécul

Nomes populares: árvore-da-preguiça, embaúba-branca, embaúva-prateada, umbaúba-branca

A planta

Comum nos estágios iniciais de recuperação de matas degradadas. A embaúba, ou árvore-da-preguiça-possui, mais, o nome de imbaíba.

Usos

Alimentação: a embaúba-vermelha (C. glaziovii) é usada na alimentação.

Apicultura: flores melíferas. Na base do pecíolo são encontradas em algumas espécies um tecido mole e rico em substâncias nutritivas, que servem de alimento para as formigas que se hospedam nesse vegetal.

Paisagismo: Não é mirmecófila, ou seja, não apresenta associação com formigas. As cecropias constituem uma espécie bastante ampla, algumas habitadas por formigas do gênero Azteca.

Reflorestamento para recuperação ambiental: Os frutos são muito apreciados por pássaros, morcegos e outros animais, seus dispersores. Recomenda-se sua utilização em reflorestamentos heterogêneos para o sombreamento de espécies de estágios sucessionais posteriores.

Uso medicinal

Cecropia peltata, C. glaziovii e C. pachystachya são usadas como diurético enérgico, tônico, adstringente e emenagogo.

Empregadas no tratamento da leucorréia, amemorréia, dismenorréia e disenteria. Aconselhadas também nas afecções respiratórias agudas, asma e coqueluche.

Os antigos caiçaras da praia de Maresias, São Paulo, usavam os frutos para males do fígado.

Fonte: Wikilivros

Imagem: Leda Lucas

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Saudade

Esta é uma das últimas imagens de por-de-sol que fiz com a Sonynha! A imagem foi feita a partir da janela da sala de casa nestes tempos em que posso demorar-me à espera deste momento em que um dia vai-se enquanto a gente prepara a esperança para um outro dia em que tudo são promessas.
Sei que deve-se des(apegar-se)! Mas a ausência da Sonynha, vou lhes dizer, tem me deixado com aquele sentimento de um vazio inexprimível!
Depois de muito pesquisar e, confesso, muita indecisão, adquiri uma outra câmera, porque deixei-me convencer por discursos sobre lente, qualidade de resolução... Todas estas conversas.
Mas eu fui tão feliz com os meus registros! Com a Sonynha fui a tantos lugares que hoje acho não irei mais.
A Sonynha foi uma companheira adorada. E estou com saudades dela. Bastante sozinha. Sem poder ver direito.

Imagem: Leda Lucas
Texto: Leda Lucas
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