sexta-feira, 28 de maio de 2010

Devaneios


"Por que comigo nunca estás sozinha,
Mulher profunda, muito mais que o abismo
Onde viçam as fontes do passado?

Mais te aproximas, mais te afundas
Na ravina das preexitências."

YVAN GOLL, Multiple femme, p. 31


Tenho a um tempo a alma de um fauno
e de uma adolescente.

FRANCIS JAMMES, Le roman du liévre, p. 270

(Poemas citados por Gaston Bachelard, à página 53, no livro A Poética do Devaneio, publicado pela Editora Martins, no ano de 2006.)

Encontro

Esta mulher, toda ela enigma, abordou-me na Praça da Luz, sem número, conforme pode-se verificar no endereço do Museu da Língua Portuguesa.
Veio inteira, em seu todo. Trazia nas vestes cores claras, vivas, e flores nos bordados da alça de sua sacola.
Distribuiu-me palavras de alegria com uma dignidade comovente, sem que eu a ela nada pedisse.
Pensei que se chamasse Graça, devido ao sorriso franco e olhos profundamente azuis escondidos por detrás de lentes com hastes verdes.
A quem de fato encontrei? Habita que mundo?

Imagem: Leda Lucas

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