sexta-feira, 28 de maio de 2010

Devaneios


"Por que comigo nunca estás sozinha,
Mulher profunda, muito mais que o abismo
Onde viçam as fontes do passado?

Mais te aproximas, mais te afundas
Na ravina das preexitências."

YVAN GOLL, Multiple femme, p. 31


Tenho a um tempo a alma de um fauno
e de uma adolescente.

FRANCIS JAMMES, Le roman du liévre, p. 270

(Poemas citados por Gaston Bachelard, à página 53, no livro A Poética do Devaneio, publicado pela Editora Martins, no ano de 2006.)

Encontro

Esta mulher, toda ela enigma, abordou-me na Praça da Luz, sem número, conforme pode-se verificar no endereço do Museu da Língua Portuguesa.
Veio inteira, em seu todo. Trazia nas vestes cores claras, vivas, e flores nos bordados da alça de sua sacola.
Distribuiu-me palavras de alegria com uma dignidade comovente, sem que eu a ela nada pedisse.
Pensei que se chamasse Graça, devido ao sorriso franco e olhos profundamente azuis escondidos por detrás de lentes com hastes verdes.
A quem de fato encontrei? Habita que mundo?

Imagem: Leda Lucas

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Um dia como todos (?)

Era tão somente mais um domingo? Não são assim os dias, quando o presente é estar vivo.
Mas seguia prosaicoalegre.
Dia bom de encontrar amigos ao ar livre próximo de casa. Folhas verdes nas árvores e arbustos. Crianças jogando seu jogo na quadra. Os amigos chegando cada um com sua alegria lá deles e seu modo. Verduras e frutos sendo preparados para o almoço.
Carne. Peixe. Cerveja, Vinho do Sampaio. Refrigerante. Sucos para as crianças ... E o dia ia contente.
Depois, o telefonema. Ligar para um desconhecido número.
Liguei e recebi a notícia de que o Vicente já ia chegar. Aguardei.
Logo depois do momento desta imagem, voltei a telefonar e foi confirmado que o Vicente havia chegado, enorme, que tinha dado bastante trabalho para a mãe, guerreira, parto normal, hospital público; e que o pai havia contado, emocionado, do orgulho que tinha pela minha querida sobrinha – uma guerreira! – que agora estava se recompondo e que ele acompanhou cada microtempo daquele tempo longo do nascimento de seu primeiro filho. E eu tonta perguntei: – Você está feliz?!
Depois, falei com a avó que tinha o Vicente no colo – ela falava baixinho como a querer nunca despertar daquele momento! –; ouvi pelo telefone um resmungadinho choro. Meu irmão, avô, estava mais uma vez trabalhando.
Mais um dia como todos: presente!

Imagem: Leda Lucas (com a câmera da Denise, que enviou as fotos no mesmo dia de nosso encontro).
Texto: Leda Lucas
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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Arte Pura


...e quando a gente anda pela cidade com os olhos de ver, olhe só com o que se pode deparar!

Num dos inúmeros muros da Avenida Rebouças – uma importante via de ligação entre o centro da cidade e bairros como o Butantã, Bonfiglioli, Rio Pequeno, a cidade de Osasco, e caminho para o sul do país – encontrei o que chamo de arte a todos (detalhe).

No grafitti, a bailarina sai do trapézio, do palco, da parede do Museu e ganha a rua para alegria dos passantes ou dos que parados no trânsito que é verdadeiramente intenso no local, ou no ponto de ônibus bem em frente... E nestas circunstâncias todos podem viajar na criatividade dos artistas anônimos.

Ainda bem que transgridem ordens dos donos do lugar!

Imagem: Leda Lucas

Texto: Leda Lucas

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Ciranda da bailarina

Compositor(es): Chico Buarque

Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Verruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem...

Letra: www.vagalume.com.br

Vídeo: YouTube


A BAILARINA

Cecília Meireles


Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina.


Não conhece nem dó nem ré

mas sabe ficar na ponta do pé.


Não conhece nem mi nem fá

Mas inclina o corpo para cá e para lá.


Não conhece nem lá nem si,

mas fecha os olhos e sorri.


Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar

e não fica tonta nem sai do lugar.


Põe no cabelo uma estrela e um véu

e diz que caiu do céu.


Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina.


Mas depois esquece todas as danças,

e também quer dormir como as outras crianças.


Cecília Benevides de Carvalho Meireles (RJ 1901 – RJ 1964) poeta brasileira, professora e jornalista brasileira.

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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Estruturas para a Virada Cultural 2010

Enquanto minhas amigas Lilian e Miriam e eu visitávamos a exposição Menas: O Errado de Certo. O Certo do Errado no Museu da Língua Portuguesa, lá na rua trabalhadores montavam palco para a Virada Cultural 2010 para apresentação de shows.
A cidade é plural como os desejos e devaneios de seus habitantes!
Aquela foi uma tarde de maio com luz boa na Estação da Luz e a exposição Menas é muito mais que a discussão sobre o certo e o errado na língua de quem vai, como já escreveu Osvald de Andrade, construindo telhados. No caso, esta alta estrutura metálica.
E eles acenavam, alegres, quando se viam capturados pelo olho da câmera. Só não, souberam – eu acho – como batia forte no meu peito meu coração.
Obrigada a todos os que contribuiram para que eu tivesse esta oportunidade e por anonimamente contribuir por meio de risco e suor para que a cidade fosse mais feliz durante ininterruptas 24 horas.

Imagem: Leda Lucas
Texto: Leda Lucas
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Despedida

Por mais de dois anos andei por muitos lugares com a minha câmera que de tão apaixonada por ela chamava-a Sonynha. Companheirona, viajou comigo todos os dias pelas ruas desta cidade que amo, foi à casa de meus familiares, para Minas, Pernambuco, Bahia, Paraná, Chile...
Dentro de casa, registrou inúmeros momentos da Lua e da Clara, das plantas, de meus cantos, bordados, minhas deliciosas companhias...
Esta foi uma das últimas imagens na cidade que fiz com a Sonynha, mais precisamente na Rua 24 de Maio.
Vejam só o resultado da imagem. Bonita cor. Mas não houve jeito de melhorar a resolução das imagens.
Agora ela está dormindo dentro de sua caixa, acompanhada de três cartões de memória de 1, 4 e 8 gigas e duas baterias – o tanto de imagem que pretendia realizar.
Por um motivo muito esquisito, eu me assustei; e estava com ela na mão; e ela voou literalmente caindo num chão de madeira...
Está sendo difícil apartar-me deste bem.

Imagem: Leda Lucas
Texto: Leda Lucas
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domingo, 16 de maio de 2010

Museu da Língua Portuguesa


Está em cartaz aqui em São Paulo, no Museu da Língua Portuguesa, a Exposição Temporária: Menas. O Certo do Errado. O Errado do Certo. Fui ao Museu na quinta-feira, dia 13/05, uma gostosa tarde de maio, com algumas amigas.

O assunto tratado na exposição é sobre questões que envolvem o preconceito linguístico e nos convida a refletir sobre a língua de todos os falantes de nossa língua materna.

Considero importante o espaço proposto à discussão sobre o assunto que até tão pouco tempo esteve reduzido ao arrogante comentário sobre a morte da língua portuguesa porque o povo não sabe falar, não lê; é inculto. Mesmo que Oswald de Andrade já houvesse há mais de 70 anos escrito um poema demonstrando que o falante comunica-se em sua língua e constroi-se com ela e nela.

Visita imperdível!

EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA

Menas. O Certo do Errado. O Errado do Certo.

Período: de 16/03/2010 a 27/06/2010

Até o dia 27 de junho, quem vier ao Museu da Língua Portuguesa poderá visitar a mostra temporária Menas: o certo do errado, o errado do certo”. Esta é a sexta exposição a ocupar o espaço das exposições temporárias, e reforça o papel do museu como importante espaço educador e difusor da língua portuguesa. 



O próprio título da exposição é uma provocação. Mesmo sabendo que “menos” é um advérbio, portanto, invariável, quantas vezes já não ouvimos a “concordância” com o gênero feminino por pessoas das mais diferentes classes e idades. Para os curadores da exposição, os professores Ataliba T. de Castilho e Eduardo Calbucci, Menas está na fronteira entre tudo o que não vale e o vale-tudo. E essa provocação é a proposta da exposição que ocupa cerca de 450 m2 do Museu da Língua Portuguesa com sete instalações para enumerar nossos “erros” linguísticos mais comuns, entender por que saímos do padrão culto e discutir a amplitude e a criatividade da língua.

*Leia o texto na íntegra no site da exposição.

http://www.poiesis.org.br/mlp/expo/menas/index.html


Praça da Luz, s/nº

Centro - São Paulo - SP

(11) 3326-0775

museu@museudalinguaportuguesa.org.br


VÍCIO DA FALA

Para dizerem milho dizem mio


Para melhor dizem mió


Para pior pió


Para telha dizem teia


Para telhado dizem teiado


E vão fazendo telhados.

(Oswald de Andrade)

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Olavo Bilac, poeta brasileiro, em linguagem próxima à de Portugal, escreveu seu amor à língua portuguesa em um soneto. Confira.


Minha Pátria, Minha Língua

Língua portuguesa

(Olavo Bilac)


Última flor do Lácio, inculta e bela,


És, a um tempo, esplendor e sepultura:


Ouro nativo, que na ganga impura


A bruta mina entre os cascalhos vela…


Amo-te assim, desconhecida e obscura.


Tuba de alto clangor, lira singela,


Que tens o trom e o silvo da procela,


E o arrolo da saudade e da ternura!


Amo o teu viço agreste e o teu aroma


De virgens selvas e de oceano largo!


Amo-te, ó rude e doloroso idioma,


em que da voz materna ouvi: “meu filho!”,


E em que Camões chorou, no exílio amargo,


O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

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dbarretoivo25 de junho de 2006http://www.clipesdemusicas.net No programa do Chacrinha, Elza Soares e Caetano Veloso cantam juntos.

Categoria: Música

Palavras-chave: Elza Soares Caetano Veloso Chacrinha

Língua

Caetano Veloso

Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”
Fala Mangueira! Fala!

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E – xeque-mate – explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(– Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique
– Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.

A qualidade do vídeo deixa muitíssimo a desejar, mas rever o comunicador Chacrinha –"quem não se comunica, se estrumbica! Teresinha!!!"–, Elza Soares – carne morena voz! –, e Caetano juntos? Ainda por tudo cantando a canção Língua?! Que alegria!

Caetano Veloso, músico/poeta contemporâneo, quase um século depois, utiliza o português atual, mostrando que a língua é viva, cheia de matizes, influenciada por diversos povos que formam nossa pátria. Essas influências tornam cada língua única, mesmo que tenham raízes únicas. Com o músico Caetano Veloso as palavras correm soltas, livres...

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domingo, 9 de maio de 2010

Tem luz na cauda da flecha

CLIP DO CD MAFARO


TEM LUZ NA CAUDA DA FLECHA
André Abujamra e Luiz Caldas

Tem luz na cauda da flecha

É quinta-feira 23 de abril
Axoxó, Ipeté no pé da árvore

O Ofá e o Irukéré se comunicando
Com o Orum e o Aié

Eu sou a flecha do Oxóssi
Que voa e não cai
Dá volta ao mundo meu pai

Com seu Arolé pó vermelho
Pra morte enganar
Oke Aro meu pai Oxóssi
Eu sou sua flecha pronta pra voar
Oxóssi Oke Aro
Voando pro mundo espalhando o amor

Com seu Arolé pó vermelho
Pra morte enganar
Leva a beleza no canto no seu ilá

Fonte: YouTube
Categoria: música
Palavras-chave: andré abujamra mafaro luiz caldas axé world music

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Informações sobre o CD Mafaro

03/04/2010 - 09h29

Em novo CD, André Abujamra mistura influências e soa global "sem querer"

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
colaboração para a Folha de S.Paulo

Tudo em "Mafaro", novo CD de André Abujamra, soa global. Uma mistura de música brasileira com levadas dos Bálcãs, ritmos africanos e latinos, algo de reggae e de rock. Isso sem contar as outras influências mais sutis que permeiam o disco, como, por exemplo, a música indiana. "E não é um Frankenstein. Porque, para mim, tudo isso tem a ver", diz ele.

Mas, segundo Abujamra, 44, soar global não é algo planejado, intenção artística, mas consequência natural de seu universo mental, que, desde criança, foi colhendo influências de pessoas e países com os quais teve contato. É como uma esponja, diz ele, que vai absorvendo música por onde passa.

"Fui viajar para Praga e pirei com aquela música. Voltei e fui direto para o Maranhão, e pirei também. Aí fui tocar na África... Então essas coisas todas entraram no meu corpo. A minha cabeça é misturada mesmo."

E se essa mistura marcou toda a carreira de Abujamra –que desde os anos 1980 tocou em bandas como Os Mulheres Negras e Karnak–, fica mais evidente em "Mafaro", seu terceiro CD solo,(...).

Com raras exceções, como nas calmas "Logun Edé" e "Mafaro", o disco traz, em suas 12 músicas, levadas fortes de sopros e percussões, acompanhadas de bandolim ou acordeão.

Mas se os sons propõem que vivemos em um mundo vasto e diverso, as letras tentam mostrar o tamanho de outro universo. "O mundo de dentro da gente é maior que o de fora da gente", diz verso de "Imaginação". E Abujamra explica: "O que a gente quiser inventar a gente pode".

Há lugar, também, para letras irônicas, como a de "Daunloudaram", que por vezes lembram rimas de Zeca Baleiro. Não à toa, o músico maranhense é um dos participantes do CD, na faixa "Lexotan". Os outros são Evandro Mesquita, Luiz Caldas, Xis e Curumin.

O show de "Mafaro", que teve apresentações (...) no Auditório Ibirapuera, seguiu a ideia do disco, sendo anunciado como "lançamento mundial". "Sim, estou pensando em sair do Brasil, ir até para a China. Não sei bem por quê, mas eu faço mais sucesso fora do que aqui", diz Abujamra.

Subiram ao palco dez músicos (cinco sopros, baixo, bateria, duas guitarras e percussão), e um computador cheio de programações. Além disso, quatro telões mostram filmes produzidos por Abujamra. "Um filme-show. Acabou o filme, acabou o show. Como um cinema mudo com a banda tocando em cima."

Dessa forma, segundo o músico, o espetáculo dura exatos 57 minutos e 24 segundos, sem lugar para bis, já que começo, meio e fim são planejados.

MAFARO


Artista: André Abujamra


Lançamento: Independente


Quanto: R$ 27,20 (em média)

Ler está na moda


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LIVROS

Caetano Veloso

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou – o que é muito pior – por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas

Gravado na Real Gabinete Português de Leitura.

No vídeo Caetano Veloso lê "Le Rouge et le Noir" (O Vermelho e o Negro) de Stendhal

"Ici, dit-il avec des yeux brillants de joie, les hommes ne sauraient me faire de mal." Il eut l'idée de se livrer au plaisir d'écrire ses pensées, partout ailleurs si dangereux pour lui. Une pierre carrée lui servait de pupitre. Sa plume volait (...)

"Pourquoi ne passerais-je pas la nuit ici? se dit-il; j'ai du pain, et je suis libre!" (...)

Au son de ce grand mot son âme s'exalta (...) Mais une nuit profonde avait remplacé le jour, et il y avait encore deux lieues à faire pour descendre au hameau habité par Fouqué. Avant de quitter la petite grotte, Julien alluma du feu et brûla avec soin tout ce qu'il avait écrit.'

Fonte: http:// bibliotequices.blogspot.com/20... – cauim, em 2 de julho de 2008

Música: Livros

Palavras-chave: Caetano, Veloso, Livros, Le Rouge et Noir, Vermelho e Negro, Stendhal

Para que a vida de todos seja mais intensa!

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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Entre o Livro e a Liberdade

Aí está uma imagem a demonstrar uma experiência democrática com a poesia.
Recebi notícias de um evento em Vila do Conde, interior de Portugal em que várias pessoas reunidas há já algum tempo em torno do fazer poético tiveram a ideia de plantar poemas. E o que fizeram?
Lançaram por meio da internet o convite a TODAS as pessoas solicitando o envio de até três poemas em, no máximo, uma folha de papel A4; e ainda justificaram que era para que cada texto desabrochasse como flor. Um girassol?
Outra recomendação é que os participantes enviassem seus próprios textos, porque o dos outros eles já os tinham.
O evento aconteceu no último mês de abril, entre os dias 23 a 27 deste ano.
Bem-humorados e comprometidos ainda agradecem o envio dos textos e, depois, mandam fotografias do evento.
É isto.
Ah. Enviei três poemas e olho para a imagem e fico cá do Brasil, diante da tela do computador, tentando ver onde é que estarão dispostos os textos que enviei. Mas a abelha que fez o mel que regou meu pão esta tarde ainda vive? Nunca saberemos. O importante, eu acho, é que a poesia está plantada ao rés do chão.
Parabéns pessoal; e Vida longa o Entre Livros e a Liberdade!

Imagem: silêncio da gaveta (josé peixoto)


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sábado, 1 de maio de 2010

Música na noite de lua amena

Like a Hurricane
Neil Young

Once I thought I saw you in a crowded hazy bar,
Dancing on the light from star to star.
Far across the moonbeam I know that's who you are,
I saw your brown eyes turning once to fire.

You are like a hurricane
There's calm in your eye.
And I'm gettin' blown away
To somewhere safer where the feeling stays.
I want to love you but I get so blown away.

I am just a dreamer, but you are just a dream,
You could have been anyone to me.
Before that moment you touched my lips
That perfect feeling when time just slips
Away between us on our foggy trip.

You are like a hurricane
There's calm in your eye.
And I'm gettin' blown away
To somewhere safer where the feeling stays.
I want to love you but I'm getting blown away.

You are just a dreamer, and I am just a dream.
You could have been anyone to me.
Before that moment you touched my lips
That perfect feeling when time just slips
Away between us on our foggy trip.

You are like a hurricane
There's calm in your eye.
And I'm gettin' blown away
To somewhere safer where the feeling stays.
I want to love you but I'm getting blown away.

Imagem: YouTube
Letra: http://vagalume.uol.com.br/neil-young/like-a-hurricane.html

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O post de hoje, aconteceu devido a um estado de imaginação poética, no momento em que andando de carro pela cidade na companhia de meu companheiro de todas horas levávamos nosso filho a um show do Mulheres Negra na Casa da Lapa.

É sábado à noite, e no céu uma lua amena nos acompanhou durante todo o trajeto e ela amena e grande encheu minha alma de uma calma vontade.

Enquanto tudo isto acontecia, ouvia Neil Young que encheu-me de sentimentos.

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